O fechamento da Ponte da Amizade, que liga a cidade de Foz do Iguaçu a Ciudad del Este no Paraguai, segue firme por conta da Pandemia e com isso o comércio em Ciudad del Este sofre com imensas perdas devido a falta de acesso por parte dos brasileiros.
Embora o comércio na cidade vizinha já tenha reaberto gradualmente para que os paraguaios possam fazer compras, isso não é suficiente para animar os comerciantes. Até mesmo porque o alerta segue firme contra o Corona Vírus no Paraguai, e o comércio local também está lento devido a pandemia.
A maior parte do fluxo do comércio na vizinha Ciudad del Este vinha dos visitantes brasileiros. Turistas argentinos também costumavam fazer compras e é claro os locais paraguaios. Mas ainda eram os turistas do Brasil que giravam a economia local nas lojas e shoppings na entrada da cidade.
Jornais locais noticiam que já é grande o número de funcionários das mais diversas lojas e empresas localizadas em Ciudad del Este que foram demitidos em função do fechamento da Ponte da Amizade e limitação do comércio.
Algumas lojas operam em sistema de delivery para tentar melhorar as vendas mas ainda é difícil reverter as perdas com a Ponte da Amizade fechada. Claramente esse é um fenômeno mundial, mas tem sido especialmente difícil pra Ciudad del Este pelas características próprias do seu comércio.
Havia esperança por parte dos moradores que o Paraguai pudesse evoluir para a abertura gradual das fronteiras quando começou o anúncio sobre a Quarentena Inteligente que começou a ser implantada no Paraguai. Embora desde o início o presidente estivesse bastante exitoso sobre a abertura das fronteiras, parecia que haveria algum progresso.
No entanto nas últimas semanas o cenário tomou outro rumo. Tudo por conta de vários paraguaios que haviam sido infectados pelo Covid-19 enquanto estavam no Brasil e somente tiveram esse diagnóstico após o reingresso no Paraguaio após longa espera na Ponte da Amizade aguardando liberação para o retorno ao seu país.
Essa liberação dependia do governo paraguaio. Foram vários dias aguardando ao relento, na área destinada aos pedestres na Ponte da Amizade. Quando houve enfim a liberação, os paraguaios tiveram que aguardar ainda um período em quarentena dentro do país antes de serem liberados para retorno a suas casas. Foi aí que os diagnósticos ocorreram.
Deste contingente de paraguaios autorizados a entrar, foi grande o número deles que acabou apresentando testagem positiva para o Covid-19. Foram quase 100 paraguaios até agora testados positivos vindos do Brasil. E isso claramente traz grande preocupação para a população paraguaia quando se fala em abrir as fronteiras entre Brasil e Paraguai.
Enquanto a população fronteiriça, que depende muito do comércio com os brasileiros, está ansiosa por esta abertura da Ponte da Amizade, o mesmo não se pode dizer pelo restante do país, que não faz a mínima questão da abertura e teme pelo alastramento da Covid-19 pelo Paraguai adentro.
Paraguaios não se resumem a Ciudad del Este como pode permear o imaginário de muitos brasileiros. O Paraguai é muito maior do que Ciudad del Este. Mas não se pode deixar de lembrar da grande importância que a cidade tem para a economia do país.
O fato é que os relatos sobre a crise financeira são tais que não só ameaçam empresas de todos os tamanhos como também já batem no estômago também. Há muitas histórias sobre a fome assolando já a cidade. O governo estaria auxiliando com cestas básicas mas há queixas de que esta cesta não é suficiente para aplacar a fome que se instala.
Devemos lembrar que em Ciudad del Este há uma miscelânea muito grande de negócios e profissionais. Empresas dos mais diversos tamanhos disputam espaço e a atenção com os ambulantes e camelôs. Há ainda uma imensa gama de moto-taxis que depende do vai-e-vem de turistas para sobreviver.
A situação é bastante preocupante. Entendo perfeitamente a preocupação da população que habita outras regiões do país, que não querem ver suas regiões assoladas pelo vírus, por conta da economia de uma cidade tão distante da sua.
Ao mesmo tempo, entendo perfeitamente o lado dos que dependem imensamente do movimento dos brasileiros e do comércio para que seus negócios se permaneçam viáveis.
Mas entendo também muito este presidente, que se encontra numa sinuca-de-bico, como se diz, e tem que fazer difíceis escolhas, entre a saúde e economia de sua população. Será amado por muitos, odiado por outros. Não diferente do que acontece no Brasil, em tempos de pandemia, não importa o lado pra que você penda, não há vencedores nesta batalha.