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Como eu consegui parar de Fumar

15.11.2012

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15 de Novembro: Proclamando uma nova vida

15 de Novembro é uma data muito importante pra mim … um dia pra lá de festivo … um dia pra ser comemorado. É um marco, um grito … poderia ter tido este efeito em 7 de setembro como um Grito de Independência …. mas foi em 15 de novembro, o dia em que proclamei com bravura uma nova maneira de viver: o dia do adeus ao cigarro.
Hoje fazem 2 anos. Foram 17 anos de tabagismo ativo. Destes 17, foram 15 já como dependente de 1 maço/dia e os últimos 6 anos foram caracterizados como tabagismo muito (muuito) pesado (já eram mais de 2 maços ao dia). O mais cômico disso é que durante anos desejei parar. A maioria das pessoas que me conhecia não sabia deste lado, mas aos 22 anos eu já desejava parar. Intensamente. Outras vezes nem tanto. Por vezes o desejo ficava latente.
Nos 10 anos que desejei parar, tive tentativas frustradas em especial nos últimos anos. No início era só aquele desejo latente, lá no fundo … depois, algumas tomadas de atitude, em vão. Eram fases intercaladas com períodos de esquecimento: “-Não vou pensar nisso agora.” Tive tentativas graduais, tentativas abruptas … mas nunca rendera mais do que 24 horas longe do vício.

A tomada de decisão

Eu já não acreditava que fosse capaz, sozinha. Um dia, tomada de uma súbita e intensa decisão, me sentindo totalmente impotente pra fazer isso sozinha, liguei pro consultório do Dr. Luiz Henrique Zions e conversei com a secretaria … eu nem o conhecia, tirei o nome da lista.
Queria saber se ela sabia de algum tipo de grupo de apoio, algum psico especializado na área, enfim … alguma terapia de apoio. Eu já sabia sobre o Programa do Ministério da Saúde, claro. Aliás, quem me conhece bem já sabe que eu conheço esse programa de trás pra frente. E acredito nele. Mas já não acreditava nele pra mim. Na verdade, essa ligação foi como um último suspiro … já não acreditava que conseguria, como disse.
Pra minha surpresa, ela me passou no telefone com o próprio Zions. E ele disse que eu esquecesse isso .. que fosse conversar com ele, pois ele tinha uma medicação nova, e tal, e blablabla. Bufei, ahhh não … é a “tal” ? E ele só assentiu que não, que era outra coisa. Me intrigou, disse que ia pensar, marquei.

A consulta

Juro que fui para a consulta como quem entra pra uma cova de leões. Já me sentia derrotada, antes de entrar. Apenas queria ouvir o que ele tinha a dizer, como quem garante pra si mesma: “viu, não sou tão ruim, não sou tão idiota, estou tentando, não quero morrer disso e logo, eu quero parar, não o faço porque não dá mas, eu juro, não quero mais”. Era isso que eu dizia a mim mesma, eu não via escapatória, mas seguia achando que de alguma forma tinha que descobrir se não havia alguma alternativa, algo que eu não tentara antes.
E então ele me falou da medicação. Eu não sei se deveria ou não escrever o nome dela aqui, mas eu acho até que é uma medicação controlada … então talvez não haja problema … mas eu acho que, não convém. Não quero incentivar o uso de auto-medicação, embora sim, com certeza esse é um post de estímulo pela ajuda especializada, que foi o que eu fiz.
Mas enfim, vou chamar a medicação de “Med. C”. Por fim, ele me disse sobre o tratamento … 3 meses … custo relativamente alto … como funcionava. Me explicou que não havia milagre, que eu realmente precisava estar determinada. Neste momento, desanimei. Segui ouvindo, mas havia um certo balde de água fria. Ele falava sobre a “Med. C” como algo em que ele realmente acreditava … mas eu já ouvia agora levemeente incrédula. “-Eu não vou conseguir. Eu não consegui até agora. Preciso de algo que faça o trabalho por mim.”. Era o que eu pensava. Oras, eu já sabia há muito tempo que não havia milagre nessa área.
Mas eu queria acreditar, e ele reafirmou o que eu já sabia, eu precisava ter o meu estímulo de ajuda pra parar também. Embora levemente abalada por isso, a “Med. C” e seu mecanismo de ação era algo de que eu nunca ouvira falar, até porque eu conhecia mesmo aquilo que víamos na rede pública … então, decidi que ia fazer, mesmo não me sentindo muito confiante.
A parte que mais me entusiasmou na consulta, foi quando ele me disse que eu primeiro tomaria a medicação por um mês antes de começar a pensar em tentar parar. No primeiro mês, eu não pensaria muito nisso. Ahh que belas palavras ! Afinal eu desejava me livrar do vício, mas é engraçado, ao mesmo tempo sim, tremia na base ao pensar que não poderia mais fumar. Sabia que sentiria saudade disso.
Já sentia a dor antecipada de ter que tentar, de ter que diminuir o consumo, ter que ficar me segurando. Já previa a dor pela ausência do fumo descontraído e despreocupado. Não era só vício, lamento dizer, era tãooo bom. Mas eu realmente adorava fumar. Adorava. Mas eu precisava largar, queria parar pela saúde e ponto. Já não era uma menina. Já sentia os efeitos. O desânimo. A falta de ar. Etc e tal.

Custo x Benefício

O preço da medicação era de fazer pensar. Liguei em várias farmácias: em média o kit de tratamento (3 meses) custava em torno de 900 a até mil reais. Isso mesmo R$ 1000 ! Consegui em alguns lugares por menos. Poderia comprar o kit fragmentado, ou seja, em 3 partes, mas acabaria saindo mais caro no final das contas. Já fora alertada pelo médico pra não ceder à tentação de comprar na Argentina, onde algumas pessoas compravam, pois ainda assim era um remédio caro mesmo lá, pra eu não ter certeza do que estava mesmo tomando. Segui ligando e finalmente, consegui numa farmácia por R$ 770,00. Fiz as contas. Eu já gastava bem mais de R$ 250,00 por mês em cigarro. Valia a pena.
Levei muito a sério quando ele me falou sobre os efeitos colaterais. Eu sempre leio as bulas. Eu só não leio a bula e engulo o que me entregarem, quando estou realmente muito mal. Mas o Dr. Zions havia me alertado sobre o fato de que a bula me assustaria. E realmente, é uma “bíblia”. Nunca vira uma bula tão extensa ! Eu já sabia algumas coisas que o médico me explicara então decidi confiar. Não li.
E então eu comecei a tomar …. 4 dias depois, percebi que eu fumara menos. “- Oras, estou tendo uma atitude tendenciosa, insconciente.”,  foi o que pensei. Mas foi quando comecei a observar. Sem me preocupar. “-Eu não preciso ainda parar, foi o que ele disse, ufa ! Mas só vou observar.”. Mas inacreditavelmente, 1 semana depois eu já fumava bem menos da metade do que antes. E 10 dias depois de iniciada a medicação, sem traumas, sem desespero, sem sofrimento … eu simplesmente fumei meu último cigarro.
No outro dia, 15 de novembro … sabia que seria um dia melhor que o anterior. Já estava tão confiante, sabia que não ia mais fumar. Um mês depois, minha confiança era tamanha, que parei a medicação. A leveza daquilo foi tamanha, que até minha mãe se estimulou e então começou a tomar também. Acho que ela também sabia que eu ia precisar desse apoio. Mais um mês, e ela também já não fumava mais.
Tinha certeza que não ia mais fumar. Ia desejar, ia sentir vontade, ia sentir saudade … mas não ia mais fumar. E agora são 2 anos. São raríssimas as vezes que ainda sinto aquela “saudadezinha” de um cigarrinho. As vezes uma vontade, que não é tão “inha” … mas em hipótese alguma capaz de me fazer voltar atrás. Essa saudade e vontade é só do cigarro, jamais do “ser fumante”. Conscientemente decidi isso: nunca mais quero ser fumante. Não quero mais ser dependente disso. Então, fica muito mais fácil ignorar os esparsos momentos de desejo.
As vezes vejo uma pessoa fumando, e sinto uma certa inveja. Penso que queria ser ignorante, no sentindo de não saber o quanto aquilo faz mal, o quanto já me tornou escrava, não saber de como foi o trajeto até finalmente achar uma saída … seria tão bom ser assim. Mas eu não sou. Eu sei de tudo isso. E assim, respiro fundo e levo a vida em frente. E certa de que aumentei as minhas chances de que que ela vá bem mais em frente agora.
Para ver a história completa, acessem o post onde conto toda a história de como parei de fumar.

Comentários


Reywerson Cavalheiro

maio 20th, 2016 as 20:31 (#)

Este comentário foi removido pelo autor.


Luiz Henrique Zaions

maio 20th, 2016 as 21:05 (#)

Prezada Paty …
fiquei feliz e honrado por seus comentários mencionando meu nome..
ajudar meus pacientes cessar o tabagismo tem sido mais do que meu trabalho , é antes de tudo minha missão ….
O tabagismo é uma praga que assola a humanidade desde q o tabaco foi levado p Europa por Espanhois que colonizaram a America central .. desde entao ja matou mais que todas as guerras mundiais.. e inacreditavelmente este veneno pode ser vendido no bar da esquina …. quantos entes queridos cada um de nos ja perdeu para o tabaco…
ate quando a humanidade vai aceitar o suicido dos fumantes..
postagens como a sua sao edificantes pois mostra que sim é possivel viver LIVRE da venenosa fumaça do cigarro …
grande abraço ..

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