Conta um conto

Conta um Conto: Nos Ares do Sul

06.10.2013

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E atravessei o saguão do aeroporto em Foz, sem grandes acontecimentos. Nem médios. Nem pequenos. Simplesmente atravessei e quando vi, estava no avião. Simples assim.

E então, 1 hora de escala em Curitiba. Ou seja, tempo sobrando e várias lojinhas pra serem vistas. Nessa matação de tempo, topei com a Canecaria. Quem me conhece sabe que sou louca por canecas, que as compro quase que compulsivamente, que as namoro nas vitrines e acho que todas são imprescindíveis … a certeza de que a produção mundial de canecas é muito mais acelerada que minha capacidade de comprá-las, é algo que me angustia. Pois bem .. Canecaria é um quiosque de canecas bem legal em Curitiba. Olhei, babei, dei a volta em todo stand até dar de cara com a vendedora do outro lado, toda produzida, me olhando, impassível. Revelo um sorriso tímido. Um sorriso do tipo: “Eu amo canecas”. Um sorriso do tipo: “Eu amo canecas, elas são lindas demais, mas hj não vou levar nenhuma”. E ela, ainda impassível, manteve a boca fechada e o olhar gélido na minha direção. Então lembrei: “Isso é tãoooo Curitiba”:  Mantive o sorriso, dei uma última olhada pras canecas e fui embora.

E então, ontem, já desembarcada, acomodada, iniciado meu dia … a chuva ameaça cair em Porto Alegre. Procuro uma lojinha de badulaques pelas ruas do centro de Porto. Por fim me deparo com uma daquelas minúsculas lojinhas do tipo 4×4, que vendem de tudo um pouco, que é até difìcil acreditar que caiba tanta coisa num espaço tão diminuto. Olho as sombrinhas disponíveis, questiono preços, faço minha escolha. Não, mas não é o suficiente. Ainda que eu já tivesse declarado a compra, a moça, falante, solícita, faz questão de abrir, de mostrar as vantagens, de contar sobre as arestas de silicone … simula uma ventania e me mostra como não quebra. Fala, fala, fala e por fim embrulha minha sombrinha, não sem antes me contar em som bem alto (sim, aqui eu aprendi a “falar gritando”, como minha mãe sempre reclama) sobre a garantia de 1 ano (!!!!). Eu fico imaginando se eu ainda não terei perdido a sombrinha dentro de um mês, mas enfim. Pago. A moça não tem troco e sai em disparada porta afora alardeando que já volta com o troco, braço atirado ao alto, balançando minha nota polpuda enquanto esbarra na senhorinha que vem entrando. Fico lá, sozinha, de “dona” da lojinha 4×4. Eu e a senhorinha, que observa minha sombrinha através da sacola. E fala: – ” Mas que dificuldade encontrar uma sombrinha que preste, é um absurdo”. Concordo, sobre não durarem nada, e exclamo ainda sobre o preço. Ela pergunta quanto paguei. Respondo na lata: “24,00 pila” (ahhh pila, pila, sim a senhorinha me entende bem). Ela começa a olhar o expositor de sombrinhas. Mas eu digo pra ela: “Também gostei dessas, mas essas são caríssimas !!! 40 pila !”. Ela, chocada, emenda de cara: “E onde comprou essa tua?”. “-Oras, mas aqui mesmo, aqui óhhh”; e dou a volta apontando uma diversidade de sombrinhas de bolinhas, como a que comprei, das mais diversas cores; a senhorinha se perde olhando as sombrinhas. Nisso volta a vendedora anunciando meu troco. Eu pego e me vou … mas não sem antes olhar pra senhorinha, debruçada sobre as sombrinhas. Ela levanta a cabeça e olha pra mim e eu olho pra ela. Ambas não falamos nada. Apenas nos olhamos, por um mísero segundo, com “olhos sorridentes”. Ela me olha com olhos sorridentes do tipo: “obrigada por me ajudar com as sombrinhas”. E eu olho com olhos sorridentes do tipo: “tomara que tu encontre uma sombrinha pra ti”. Desviamos os olhares, me vou. E então eu saio, ainda sorrindo e pensando: Isso é tãoooooo Porto Alegre !!

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