É com tristeza que o mundo recebe a notícia da morte do maestro italiano Ennio Morricone, um gênio das trilhas do cinema mundial. Foz do Iguaçu lamenta com profundo pesar. Ennio Morricone teve uma importância grande pra Foz do Iguaçu. Talvez ele nem faça idéia disso. Mas de alguma forma sua obra até hoje se faz presente aqui.
Ennio Morricone foi um grande compositor e maestro italiano, autor de grandes temas para o cinema. Teve várias obras premiadas. “Era uma vez no Oeste”, “Os Intocáveis”, “Cinema Paradiso” são algumas delas.
Morricone foi precoce. Começou a compor ainda menino, com apenas 6 anos de idade. E seguiu compondo por toda vida. Compôs centenas de obras para o cinema. Quando digo centenas eu estou falando de mais de 500 obras. Pensa !
Foram vários prêmios, Morricone foi indicado 5 vezes ao Oscar, mas foi somente em 2007 que ele ganhou a primeira estatueta pelo conjunto da obra; em 2016 viria ainda mais um oscar pela trilha sonora de “Os oito odiados”.
Mas a relação especial com Foz do Iguaçu se deu quando ele compôs a trilha do filme “A Missão”, que teve cenas gravadas nas Cataratas do Iguaçu. Por esta trilha sonora, recebeu a indicação ao oscar em 1986 mas não recebeu o prêmio. Uma lástima, pois a trilha é maravilhosa, num lindíssimo trabalho mesclando instrumentos pré-colombianos, oboés e corais litúrgicos.
Se você já visitou Foz do Iguaçu é possível que já tenha ouvido falar deste filme em algum momento de sua visita pela nossa cidade.
Há um importante ponto turístico de Foz do Iguaçu onde o filme A Missão é mais do que lembrado: parte do acervo das gravações estão expostas neste lugar – no Marco das 3 Fronteiras.
E nada melhor do que o Marco das 3 Fronteiras para guardar esse acervo e para ter tal exposição, afinal o Marco tem toda sua arquitetura voltada para resgatar a memória da cultura guarani e da presença das Missões Jesuíticas que fizeram parte da nossa história.
Quando Ennio Morricone foi escalado para compor a trilha para A Missão, sua tarefa era escrever uma música que se ambientasse no século XVI, a partir de um solo oboé e que retratasse também os índios. Mas que confusão, hein ! Mas não pra ele. Morricone encarou o desafio e trouxe ao mundo uma obra que foi um primor, que por pouco não lhe rendeu um oscar.
Se não rendeu um Oscar, não importa. O fato é que as pompas vieram. A trilha por A Missão é até hoje considerada uma das maiores obras da sua vida. E não é porque somos tietes do Brasil por conta da película filmada na nossa terra. Ela realmente é uma trilha aclamada.
E aliás, não apenas a trilha, o filme também é belíssimo e merece ser visto, se ainda não viu. Não é a toa que A Missão (1986) recebeu 6 indicações ao Oscar naquele ano.
Já vi algumas vezes esse fim na minha carreira. Infelizmente. A fratura de fêmur na população idosa é um perigo. Uma parcela dos pacientes, realmente, não se recupera. Inacreditavelmente, alguns deles, ainda que sobrevivam muito bem a cirurgia e todo pós operatório, apenas definham após o acidente e acabam indo a óbito dentro de um ano.
Mas enfim. Não sei qual foi exatamente o caso de Ennio Morricone. Sei que ele estava muito bem de saúde e ao que parece este consciente até o fim. Simplesmente houve alguma complicação e morreu. Consigo pensar em algumas possibilidades. Agora não importa mais. O fato é que o gênio se calou para sempre.
Erro meu. Se calou para novas obras. Mas o passado composto … este fica para a humanidade. Seu legado é um sem fim de trilhas e inimagináveis entonações para todos os tipos de situações cinematográficas.
Ennio Morricone escreveu sua história no mundo. E deixou também um rastro em Foz do Iguaçu. Soprou por cima das Cataratas do Iguaçu uma linda canção que até hoje ecoa pelo Marco das 3 Fronteiras. Eternamente.