comportamento

Descontando as decepções em cima da comida

25.01.2018

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Já faz um tempo que tenho feito várias reflexões sobre temas ligados a questões de emagrecimento e gordofobia e ao contrário do que possam pensar, não sou nem do 8 nem do 80. Ainda tenho tanta coisa pra tentar encaixar melhor na minha caixola e ainda tenho muitas dúvidas e ressalvas em relação aos discursos que tenho lido e ouvido sobre o empoderamento antigordofóbico.
Uma coisa é certa … escolhi este para meu ano de determinação e resolvi travar nele minha batalha pessoal em prol da minha saúde. Outra coisa é certa: como profissional da saúde e acompanhando tudo que acompanhado na área hospitalar, jamais vou compartilhar do discurso de que bastam exames laboratoriais bonitinhos pra levantar uma bandeira de vida saudável ao gordo. A gordura por si só é sim uma doença. Lenta e que mata lentamente. Invisível. Aliás, nada invisível. Mas laboratorialmente ela pode sim ser invisível por muito tempo. Isso que as pessoas tem que entender. Bom .. mas isso ainda é papo pra frente, pra outros carnavais … hoje quero falar sobre outro assunto.
Hoje quero abrir um debate sobre a cena triste que passou no episódio de ontem da novela Tempo de Amar, onde a personagem Celina, chorando no sofá após uma decepção amorosa, é amparada pela mãe que faz de um tudo para lhe consolar. A mãe tem a atitude mais sábia e apropriada para o momento: faz um discurso tenro e amoroso (ok, nada condizente com a personagem, é bem verdade) … o que seria o mais esperado para animar e tentar confortar um coração dilacerado. Ou não … o que mais poderia confortar ? O tempo talvez.

 

Mas há sim algo que pode confortar e que tanto fazemos e que foi prontamente oferecido pela mãe de forma tão natural. A mãe correu pela cozinha e fez uma bela tigela de papos de anjo … a menina se esbanjou comendo e sorria … feliz da vida … esqueceu tudo e dizia como aquilo já a alegrava.
Como assim ??
Sim, sabemos, é assim que agimos, é assim que fazemos … mas pra que naturalizar isso ? Será que devemos naturalizar em plena televisão uma saída que muitas vezes nos é falha, não é orgânica, não é funcional, não é pra satisfazer a fome … é apenas pra tapar um buraco emocional ? Não estamos falando de comer porque estou com vontade, comer porque quero comer mesmo, comer porque não estou nem aí que vou engordar … estamos falando de uma muleta emocional sem fundamento nenhum. Porque mostrar isso como uma rodada de sucesso de uma mãe que conseguiu consolar uma filha ?
Enfim .. buscamos na comida preencher em nós lacunas que não são as que foram esvaziadas. Não se pode preencher o amor com brigadeiro. Mas nosso cérebro não está nem aí … pra ele tanto faz o que você faz com os receptores de bem-estar, desde que você deixe ele felizinho. Mas não se esqueça, que não basta deixar seu cérebro felizinho e outras partes do seu corpo tristinha.
Fonte: http://www.gobetago.com.br
Então, qual estratégia adotar no enfrentamento da “bad” ?
Conversar com um amigo é uma boa pedida. Ou um familiar, como Celina inicialmente fazia. Enfim, alguém da sua confiança, alguém com quem você realmente possa contar, que te entenda e possa te oferecer suporte. Dependendo do tamanho da “bad”, uma ajuda especializada também é bem-vinda.
Meditação é outra alternativa. Inclusive hoje existem até mesmo aplicativos que ajudam os aspirantes a iniciar na arte da meditação. E tem também para quem avançar no assunto !
Iniciar uma nova atividade, sair da rotina, voltar a fazer uma atividade que antigamente te dava prazer. Pintar, artesanato, caminhadas, trilhas, música clássica, andar com o cachorro no bairro. Permita-se viver fora das suas habituais paredes e rituais.
O mais importante é, não mergulhe na cilada do açúcar sem propósito apenas para tapar lágrimas ou conter a solidão. No final das contas, toda a dor continuará ali e a conta das colheradas chegará depois. Papos de anjo não somem com nenhuma desilusão amorosa, não curam dores, nem suprem ausências. Ao contrário da personagem Celina que finaliza a cena toda sorrindo e felizinha, muitas vezes o que resta é mais culpa ainda … que feio pra você Tempo de Amar, não precisava fazer esse “papelão”.

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